quinta-feira, 25 de setembro de 2008

CONSUMIDOR COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

CONSUMIDOR COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL - Há cerca de três anos atrás, um ilustre palestrante, em evento patrocinado pelo SESI, Sr. Hélio Mattar, dirigente de uma entidade não-governamental - AKATU - impressionou os presentes com a afirmação de que, em pesquisa levada a cabo pela mesma entidade, a maioria dos consumidores ouvidos se preocupava tanto com a chamada responsabilidade ambiental das empresas, como pela sua responsabilidade social, na hora de decidir o que comprar. Ou seja: seriam mais ou menos motivados a comprar ou contratar se tivessem informações de que a empresa cuidava bem de seus próprios funcionários no que concerne aos seus direitos trabalhistas e além (creche para os filhos, condução própria, vales refeições, estímulo a estudos de aprimoramento ou qualificação de mão-de-obra etc.), e tivessem uma política ambiental correta (por exemplo, coleta de resíduos para sua reciclagem, limpeza e, asseio do ambiente de trabalho, política de educação para o bom aproveitamento de mátérias-primas e seu reaproveitamento, enfim, tudo o que recomenda a boa política ambiental. Surpreso, já que milito na área de direito do consumidor há 25 anos, indaguei qual teria sido o universo da pesquisa, com o que se irritou o ilustre palestrante, respondendo que o universo foi com mais de 1000 consumidores. Ao que lhe respondi, então, que só se fossem consumidores da classe "A" e, no máximo "B", porquanto não era essa a estatística dos órgãos e entidades específicas de defesa e proteção do consumidor. Ou seja, o consumidor, certamente "deseducado", "mal-educado", ou simplesmente "consumidor", estava muito mais preocupado com o custo dos produtos e serviços, em primeiro lugar, em seguida com a qualidade, desempenho, segurança, durabilidade, aparência, e assim por diante. Até porque, ainda por exemplo, no que toca à aquisição de produtos com origem lícita, em comparação com outros contrabandeados ou "pirateados", é evidente que a opção é sempre por esses, sendo o consumidor, portanto, "cúmplice" dessas irregularidades. O palestrante não conseguiu esconder sua irritação com esse posicionamento, em face do que encerrei a polêmica. Não é que hoje, 25 de setembro de 2008, o jornalista Plínio Fraga (Folha de S. Paulo, p. A-2)disse, com outras palavras a mesma coisa? Ao comentar sobre o termo "boycott", derivado de um rico proprietário irlandês (Charles C. Boycott) que teve seus negócios quase arruinados pelo "boicote" de arrendatários de suas terras que se recusaram a fazer qualquer transação com ele em protesto contra os termos draconianos por ele impostos, referiu-se a outro termo, ora em moda: "BUYCOTT". Ou seja: "... é o consumidor politizado, informado, responsável. Micheletti cita estudos que mostram que, na Suécia" ---- (Ah, bom, na Suécia!!) --- "o percentual de cidadãos que se envolveram em algum tipo de ´consumo politizado ´nos 12 meses anteriores à pesquisa era de 50%. No Brasil, não chegava a 7%. À repórter Denise Menchen, desta Folha, a pesquisadora disse que o resultado está vinculado ao nível de informação e aos recursos disponíveis dos consumidores. ´É um movimento basicamente da classe média´. Na próxima vez que alguém se queixar das horas que você passou no shopping, pode responsder que estava fazendo política. Atualmente é possível comprar até ideologia". Pois é! E aí vai novamente o lugar comum: A educação e informação são a base de tudo. Mas, DE CONSUMIDORES ---- E EMPRESÁRIOS!

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