terça-feira, 22 de dezembro de 2015

CATILINÁRIAS E TORPEZA

CATILINÁRIAS E TORPEZA - Muito apropriada o batismo da última (até agora) fase da operação "lava jato" -- Catilinárias. Como se sabe, Catilinária foi um senador na fase republicana romana que conspirava de maneira sórdida  contra ela, razão pela qual foi asperamente objeto de críticas pelo também senador e advogado Marco Túlio Cícero. Fui obrigado a estudar  e traduzir o famoso texto, dentre outros, quando tive latim nos antigos ginásio e clássico: "Quousque tandem Catilina abutere patientiae nostrae (...) O tempora o mores (...)". Ou seja: "Ó Catilina, até quando abusarás da nossa paciência (...) Ó tempos, ó costumes (...). E a comparação é genial com a atual situação, tendo como alvo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, a ponto de o Procurador Geral da República ter requerido ao Supremo Tribunal Federal o seu afastamento das funções políticas. E isto não apenas no que diz respeito a denúncias já formalmente apresentadas por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no exterior, como também na interferência no Conselho de Ética da mesma Câmara. Há um adágio também em latim que diz o seguinte: "Turpitudinem suam allegans, non est audiendus". Ou seja: "Não deve ser ouvido quem alega a própria torpeza". Ora, com manobras da sua "tropa de choque", o implicado já conseguiu adiar por 6 vezes a apresentação do relatório do deputado designado, apenas para dizer se há ou não motivos para o processo junto ao Conselho de Ética, ou seja, por ele ter mentido na CPI da "lava jato", dizendo que não tinha contas no exterior. E pior: conseguiu a destituição do relator inicialmente designado e, mesmo tendo sido outro escolhido e apresentado relatório pelo prosseguimento dos trabalhos, agora está alegando nulidade da sessão realizada por cerceamento de defesa. E certamente o conseguirá, já que tanto na Comissão de Constituição e Justiça como junto à Mesa da Câmara, que tem a última palavra, tem os seus homens de confiança. É mesmo como dizia o Cícero: "Até quando, ó Eduardo, abusarás da nossa paciência" --- DE TODO O POVO BRASILEIRO!